Capítulo I: Pomar Dourado


Capítulo VI: O príncipe exilado



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Capítulo VI: O príncipe exilado

Quando os dois acordaram, era finalmente hora de enfrentar a última etapa da jornada, passar pela estrada real e chegar em Gran Naville. Eles saíram da grande hospedaria e seguiam para a saída da cidade, mas não antes do hamster forçar a raposa a pagar por todos os itens que ela furtou.

— Ah cara, a gente poderia ter gastado esse dinheiro em tanta coisa bacana.

— É, se você tivesse parado com essa mania de furtar as coisas a gente poderia mesmo. — Respondeu o hamster em um tom irônico.

O portão que dava acesso a estrada real foi aberto e eles tinham oficialmente saído de Bellmagne e entrado em Naville. A estrada real era muito mais organizada e segura que as outras pelas quais a dupla havia passado com torres de guarda presentes no decorrer do caminho. Essa segurança toda se deve ao fato de a estrada ser muito movimentada e ser uma das rotas oficiais do império.

Tudo correu bem, e entre o vai e vem de comerciantes e viajantes, já era possível ver na distância o primeiro anel de Gran Naville. A capital era dividia em três grandes muralhas circulares apelidadas de anéis. Dentro do anel exterior ficava os canhões de defesa e as casas dos camponeses, o anel intermediário abrigava a burguesia e o setor comercial, já o anel interior abrigava o grande castelo de Gran Naville, morada da família real. O castelo é a construção mais grandiosa de todo o reino, fruto de meio século de trabalho resultado da parceria entre os cães e os cães Corgis, e é tão grandioso que suas enormes torres já podiam ser vistas por Crito e Gwynn.

Vinte minutos de caminhada depois, a dupla finalmente passava pelo primeiro anel, cuja paisagem era composta por pequenas fazendas e casas de madeira. Apesar de ser simples, parecia ser um lugar bem agradável, com diversas árvores e muito verde. Eles observaram um pouco o lugar, mas o verdadeiro objetivo deles era no anel interno.

Seguiram direto para o segundo anel, o anel comercial, que era dominado por casas de alvenaria, lojas de todos os tipos e ruas com calçadas de tijolos. Esse anel não era tão agradável quanto o primeiro, extremamente poluído visualmente e com ruas muito sujas. Eles andavam pelo anel enquanto procuravam o caminho pelo castelo, até que uma voz misteriosa os chamou para um beco.

— Hamster, aqui!

Crito estava apreensivo, mas alguma coisa o atraía para aquela voz, algo que ele não conseguia explicar. Quando entra no beco, ele se depara com uma figura encapuzada vestindo uma túnica velha e rasgada. Ela portava uma linda espada branca ornada com perolas e vestia um cinto com ornamentos dourados, o que não combinava em nada com o resto da sua vestimenta.

— Eu esperei por você esse tempo todo, eu sabia! Eu sabia que podia confiar naquela maga! — Disse a figura misteriosa.

— Em primeiro lugar, quem é você e que história é essa de saber que eu viria?!

— Ah, perdão, onde estão meus modos. — O animal misterioso então retirou o capuz da sua cabeça e para a surpresa de Crito e Gwynn, ele era um Corgi. — É... acho melhor nós concluirmos as apresentações lá dentro. — Disse o cão enquanto entrava em um prédio abandonado.

Os dois então seguiram o cachorro, que correu para trancar a porta depois que eles entraram.

— Eu sou o Príncipe Valentim I de Gran Naville, filho do rei Edward Pembroke Fernsby Campbell Carter Elliot Clark Collins Foster Harrisson Lawrence IV de Gran Naville, é um prazer enorme em conhece-los.

— Eu sou Gwyndolynn Fenneda e... espera... VOCÊ É O PRÍNCIPE DE GRAN NAVILLE?!

— Eu sei que nesse estado que eu me encontro fica difícil de acreditar, mas sim, eu sou o príncipe...

— E como você quer que a gente acredite em você, já vi muito cachorro se passando por Corgi. — Responde a raposa.

O príncipe então saca a sua espada e mostra as inscrições na lâmina branca. Crito observa mais de perto e confirma.

— Só os membros da família real gastariam dinheiro em uma coisa tão idiota quanto uma espada de aço branco ornada por pérolas, além disso só um nobre conseguiria decorar o nome completo do rei. — Confirma o hamster.

— Mas... se você é o príncipe... o que é que aconteceu pra você ficar desse jeito?

— É uma longa história...

Gran Naville é governada pelo rei Edward IV, que tem o poder absoluto sobre todas as decisões, mas a idade avançada do rei fez com que ele desenvolvesse alguns problemas mentais, e fez com que ele perdesse a capacidade de governar plenamente. O conselheiro real, o corvo Azreal Tu Odshwanck passou a tirar vantagem disso, conseguindo mais e mais influência sobre as decisões do reino, já que no final ele era sempre defendido pelo rei, por pior que fosse a decisão sugerida por ele.

O plano dele era acabar com a reputação do rei, sugerindo as piores decisões possíveis até que os súditos acreditem que o rei virou um tirano insano e precisava ser eliminado a qualquer custo, para assim usurpar o trono e banir de vez todos os Corgis da nobreza. Infelizmente a estratégia do corvo estava dando certo, e diversos protestos tomavam conta da capital. Um dia, Valentim estava andando pelos corredores do castelo, quando escutou uma conversa suspeita e resolveu investigar. Através da porta, ele conseguiu escutar Azreal discutindo o seu plano de assassinar o rei com um grupo de lobos, e mais tarde foi confrontar o corvo e seu pai sobre tudo o que ele havia ouvido naquela conversa.

“Você não é capaz de provar nada príncipe” Disse o corvo.

“Pai, você precisa acreditar em mim! Tudo o que esse maldito quer é tomar o controle de todo o reino paras as próprias asas!” Exclamou o príncipe.

“Já chega Valentim! Como você tem coragem de fazer acusações tão graves contra alguém que vem apoiando a nossa família há anos! Chega dessas baboseiras, vá direto para o seu quarto!” Respondeu o rei.

Furioso, o príncipe Valentim sacou seu sabre branco e deu um corte certeiro no peito do corvo, que revidou com um golpe rápido de eclipse. O rei ordenou que os guardas segurassem Valentim para que ele não causasse mais problemas, enquanto o corvo pacientemente guardava sua espada eclipse de volta na bainha.

“JÁ CHEGA!! Se você não consegue se comportar, não serve para ser príncipe. Até que você aprenda uma lição, você está exilado desse reino!”

Logo depois de toda a confusão, o rei ordenou que os guarda levassem o príncipe até os limites de Naville, e que a partir desse dia, sua entrada na cidade estava proibida.

— Agora entendem o porquê de eu estar assim? Se algum guarda me reconhecer eu vou ser jogado pra fora da cidade, e até eu me infiltrar de novo, vou perder a única chance de salvar a vida do meu pai e da nossa linhagem.

— Isso explica muita coisa, mas ainda falta dizer como você sabia da nossa chegada. — Disse Crito.

— Eu estava infiltrado na cidade tentando armar um plano para impedir o assassinato do rei. Já estava ficando quase sem esperanças, até que uma pata com poderes mágicos veio me procurar.

— Poderes mágicos?

— Dizem que ela é capaz de prever o futuro e ler o destino, eu nunca acreditei muito nisso até que ela me reconheceu mesmo com o capuz e me chamou para conversar.

— E o que ela disse?

— Que um animal de pequeno porte mais de grande coragem viria segurando a mais poderosa das espadas eclipses, e nos ajudaria a acabar com o reinado de terror dos corvos e salvaria a linhagem dos Corgis. Acho que ela acertou em cheio, porque aqui você está.

— Mas, eu não sei se eu consigo fazer isso, como nós vamos invadir o castelo e salvar o rei?

— Se você não conseguir, ninguém mais consegue, o reino inteiro depende de você Crito. — Disse Gwynn.

— Eu tenho um plano, mas vamos ter que esperar até a meia noite. Eu tracei todas as rotas de patrulha dos guardas durante o turno, e exatamente nesse horário o caminho até uma entrada secreta nos fundos do castelo fica livre por alguns minutos, assim dá pra invadir sem maiores problemas.

— Bom, acho que não temos escolha a não ser ajudar o rei. — Disse Gwynn para Crito.

Com o plano feito, tudo o que eles precisavam fazer era esperar até a meia noite e não serem detectados pelos guardas. Até lá, o príncipe e o hamster estudavam as plantas do castelo enquanto a raposa organizava todos os suprimentos que eles precisariam para se infiltrar no castelo. Tudo precisaria correr bem, o destino do reino estava nas patas de Crito.




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